sábado, abril 11

Perdição



"Não necessariamente a ordem do começo de minha perdição. De um sentindo vulgar de teus olhos e minha carne em tua boca. No momento em que tua retina se dilata com facilidade... E eu vejo o estrago. Meu cabelo que se bagunça pela minha pele e sobre ela sua boca serrada se abre lentamente e geme. E o ar que você inala vem de mim. Tua respiração forte não disfarça a entrega. A mão que percorre o meu corpo, da boca até o que é mais sensível, é a sua. O que sinto só é a reversão do frio no peito que diz teu nome em palavras que você mesmo escreve. Escrever é a nossa fuga, entende? A poesia diz de nós o que é mais sincero. E arriscamos no vulgar das palavras, o sentimento que se diz mais insano. Pudor que não é medido. Dos meus cabelos que tocam os seios que se entregam á sua boca. Eu sussurro o que se diz arte. Sussurro o que se sente prazer. Perdemo-nos pronomes, nos verbos mal conjugados, em versos que se intercalam como alvo você. Eu lanço a palavra, o sentimento e o meu corpo, te atingo num só ato. Ato este que mistura o nós em um só ser. No encaixe em que tardes e madrugadas nos ouvem, nos sentem, nos invejam."

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