"Não
necessariamente a ordem do começo de minha perdição. De um sentindo vulgar de
teus olhos e minha carne em tua boca. No momento em que tua retina se dilata com
facilidade... E eu vejo o estrago. Meu cabelo que se bagunça pela minha pele e
sobre ela sua boca serrada se abre lentamente e geme. E o ar que você inala vem
de mim. Tua respiração forte não disfarça a entrega. A mão que percorre o meu
corpo, da boca até o que é mais sensível, é a sua. O que sinto só é a reversão
do frio no peito que diz teu nome em palavras que você mesmo escreve. Escrever
é a nossa fuga, entende? A poesia diz de nós o que é mais sincero. E arriscamos
no vulgar das palavras, o sentimento que se diz mais insano. Pudor que não é
medido. Dos meus cabelos que tocam os seios que se entregam á sua boca. Eu
sussurro o que se diz arte. Sussurro o que se sente prazer. Perdemo-nos
pronomes, nos verbos mal conjugados, em versos que se intercalam como alvo
você. Eu lanço a palavra, o sentimento e o meu corpo, te atingo num só ato. Ato
este que mistura o nós em um só ser. No encaixe em que tardes e madrugadas nos
ouvem, nos sentem, nos invejam."
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