“Nada é eterno. As folhas caem, os frutos
ficam podres e, em torno de seus enormes e desgastados troncos antigos, eu vejo
as lembranças desta interminável solidão. Solidão esta que as tornam quase
inexistentes... Secas de qualquer sentimento. É deprimente. Falta de
pensamento, por assim dizer. Falta de sentir onde estão, de saberem qual o
motivo de estarem ali, parada contra o tempo que não podem distinguir.
Outras
folhas renascerão no lugar, provavelmente. E as antigas ocupantes não estão
ligando para isso. Por aquele mesmo motivo, falta de pensamento. Não somos
eternos. Nunca seremos. Nossa alma, talvez. Mas assim como ela, tudo ao nosso
redor que não podemos tocar ou enxergar consiste em um grande mistério. Um
segredo daqueles que você tem vontade de contar para alguém, mas tem receio de
que esteja contando uma mentira, e acabar sofrendo com as consequências depois.
Não podemos afirmar nada. Somos meros fios no tecido da vida. Simplesmente
nascemos, vivemos e morremos. E, quem sabe, renascemos. Esse é o ciclo. Tem de
ser assim.”